terça-feira, 22 de abril de 2008

Forever Changes (67) - Love

Eles foram uma das bandas mais influentes dos anos 60. Liderados por Arthur Lee, o Love lançou vários discos, mas foi com o terceiro, Forever Changes, que a banda se solidificou com um dos melhores expoente da Costa Oeste dos Estados Unidos. Um disco que acaba de receber um tratamento diferenciado da gravadora Rhino e que foi relançado com faixas bônus e um livreto maravilhoso. Se você curte Grateful Dead, Jimi Hendrix, Buffalo Springfield ou Doors, e não conhece o trabalho do Love, corra atrás porque vale a pena.




O ano de 1967 foi mágico para o rock. Vários artistas lançaram seus álbuns de estréia: Pink Floyd, Doors, Velvet Underground, Nico, Grateful Dead, Jimi Hendrix, Janis Joplin, entre outros. Também foi o ano de ouro para alguns grupos: The Who, Beatles, Byrds, Country Joe and The Fish, Buffalo Springfield e o Love.

A banda era liderada por Arthur Lee, um dos poucos negros a ter essa posição em uma banda de rock, em 1965 (dois anos portanto da Jimi Hendrix Experience). Lee era considerado uma espécie de visionário, dono de um temperamento difícil.

Lee achava que aquele trabalho seria o prenúncio de sua morte, já que acreditava que estaria completamente deteriorado fisicamente, aos 26 anos. Mas aquele menino de 22 anos errou feio na sua projeção. Depois de um sucesso raozável com o primeiro disco, Love, que vendeu 100 mil cópias lançou o segundo, Da Capo, que seguiu o mesmo caminho e o Love virou uma banda cult, já que Lee recusava-se a a excursionar muito longe de Los Angeles.

Ao contrário de outro contratado da Elektra, os Doors, o selo tentava fazer com que a banda viajasse por todo o país e pedia um hit-single igual a "Light My Fire" da banda de Jim Morrison.

Ou nas palavras de Jac Holzman, presidente do selo: "Arthur era e provavelmente é um das pessoas mais espertas que conheci do meio. Apesar do talento, ele preferia ficar isolado mais do que o necessário e isso prejudicou muito sua carreira. Ele foi um dos maiores gênios que conheci, mas apesar de tanta genialidade, recusava a aparecer em público."

Mesmo sem ser um entusiastas de shows, Lee era um perfeccionista no estúdio e contava com vários músicos adicionais para os arranjos.

Para produzir Forever Changes, ele queria mesclar um pouco de jazz, música mexicana e até clássica. Foi nessa época que começou a amizade com Hendrix, que tocou em alguns discos posteriores a Forever. Ele sabia que não tinha na banda músicos tão técnicos como o trio de Hendrix ou mesmo o Who de Pete Townshend. A saída foi fazer um disco menos explosivo, mas mais requintados instrumentalmente falando.

O produtor Bruce Botnick conta um pouco a história do disco: "No começo de Forever Changes eu e Neil Young produziríamos o disco. Neil estava meio cheio do Buffalo Springfield e eu pensei que ele tocaria alguns solos de guitarra. Mas ele não estava bem fisicamente e pulou fora do projeto, deixando comigo a produção. A produção acabou sendo minha junto com o Arthur. Mas o Love estava passando por um momento ruim, porque a banda não tocava havia um bom tempo e eles estavam separados. Eu pensei em chamar alguns dos melhores músicos de estúdio disponíveis e deixar Bryan McLean cantar e tocar suas músicas e fazer o mesmo com Arthur. Ele tocou guitarra e depois trabalhava nas partes da música e gravamos duas canções em três horas: "The Daily Planet" e "Andmoreagain".O grupo estava presente e eu me lembro deles crescendo aos poucos. A banda levou um choque e esqueceram os problemas e começaram a trabalhar no disco como novamente um grupo. Nós usamos as duas músicas gravadas, mas fizemos uns overdubs para que soasse como uma banda novamente.

Arthur Lee lembra bem do projeto: "Nós tínhamos o costume de trabalhar toda a noite. Depois que começamos a ganhar dinheiro paramos de produzir. Quanto mais dinheiro entrava, menos produzíamos e isso deteriorou o Love. Cada um queria seu carro, sua casa e não precisavam mais de mim, que escrevia 90% das canções.

Depois do insucesso das primeiras gravações em junho, voltaram ao estúdio em agosto par acabar o que tinha começado. Mas a banda veio por um ou dois dias e sumiu de novo.

Lee queria algo mais orquestral, do mesmo jeito que os Beatles fizeram com Sgt. Pepper's.

Foi aí que apareceu David Angel, que ajudou no disco inteiro. Ele tentou músicos da Filarmônica de Los Angeles. Eu expliquei quais partes que desejava em ter o som mais elaborado. O álbum Forever Changes seria as minhas últimas palavras dessa vida. E como a morte estava lá, essas seriam minhas mudanças para sempre.

Lee não morreu e continuou com o nome e o grupo em vários discos irregulares. Em 1980 tentou mais uma volta. Hoje ele cumpre uma pena de 12 anos por agredir sua ex-mulher, coisa constante em sua vida. Há até um site que recolhe e-mails de ajuda a Arthur para que seja solto. Um dos músicos mais brilhantes de sua geração, que acabou na prisão por porte de armas, de drogas, e por violência.

tracklist

November 1967 issue

  1. Alone Agsin Or (Maclean, – 3:16)
  2. "A House Is Not a Motel" (Lee, – 3:31)
  3. "Andmoreagain" (Lee/Maclean, – 3:18)
  4. "The Daily Planet" (Lee, – 3:30)
  5. "Old Man" (Maclean, – 3:02)
  6. "The Red Telephone" (Lee, – 4:46)
  7. "Maybe the People Would Be the Times or Between Clark and Hilldale" (Lee, – 3:34)
  8. "Live and Let Live" (Lee, – 5:26)
  9. "The Good Humor Man He Sees Everything Like This" (Lee, – 3:08)
  10. "Bummer in the Summer" (Lee, – 2:24)
  11. "You Set the Scene" (Lee, – 6:56)

February 2001 reissue Bonus Tracks

  1. Hummingbirds (Lee, – 2:43)
  2. Wonder People (I Do Wonder) (Lee, – 3:27)
  3. Alone Again Or (alternate mix) (MacLean, – 2:55)
  4. You Set the Scene (alternate mix) (Lee, – 7:01)
  5. Your Mind And We Belong Together (tracking session highlights) (Lee, – 8:16)
  6. Your Mind And We Belong Together (Lee, – 4:28)
  7. Laughing Stock (Lee-2:33


Love-Forever Changes-1967 remastered 2001


Um comentário:

Anônimo disse...

Forever Changes é um dos meus álbuns preferidos.