segunda-feira, 21 de abril de 2008

Devendra Banhart (05) - Cripple Crow


Nascido em 30 maio de 1981,é um cantor e compositor norte-americano,de Houston,Texas e criado na Venezuela.
Devendra Banhart é um dos principais artistas do movimento Folk-psicodelico.Ele é um dos artistas mais populares do movimento (New Weird America Movement), cuja tradução seria algo como "Movimento da Nova América Esquisita", e seu último álbum conta com a participação de outros representantes do movimento, tais como Faun Fable, Animal Collective, Viking Moses entre outros. Banhart é também membro da banda Vetiver.
O músico é usualmente comparado com diversos artistas como Mark Bolan,Daniel Jonhston,Billie Holiday,Syd Barrett,Nick Drake,JohnFahey e Tiny Tim.
Sua musicalidade tende aos arranjos simples de violão, com melodias que requerem pouco além deste instrumento, indicando suas raízes folk. As letras consistem em idéias surreais e naturalistas.
O próprio músico assume que, entre suas maiores influências estão,Bob Dylan,Caetano Veloso,Secos e Molhados e Novos Baianos.A suavidade melódica e o timbre do vocal de Banhart remetem freqüentemente a estes músicos.

Quando surgiu, Banhart foi se consolidando como lider desse movimento musical, também foi considerado como o jovem responsável pela "redescoberta" da musicalidade da cantora folk Vashti Bunyan , que gravou o álbum Rejoicing in the hands of the Golden Empress como vocalista convidada.
No início de 2006 fez participação especial no show que marcou a volta dos Mutantes, no Barbican Teathre em Londres, e com um carisma esfuziante, cantou Batmacumba com Sérgio Dias, Arnaldo Baptista e companhia.Em 2007 lançou o álbum Smokey Rolls Down Thunder Canyon, o qual conta com a participação de Rodrigo Amarante (Los Hermanos)na canção Rosa.(irei posta-lo)
Devendra Banhart atualmente reside na cidade de São Francisco.
Uma barba, cabelo grande e ondulado, uma tendência para andar em tronco nu, uma maravilhosa trémula e frágil voz e uma guitarra tocada de forma despreocupada e tosca foi tudo o que bastou para fazer de Devendra Banhart uma super estrela folk em 2004. Já estamos na recta final de 2005 e, dois meses passados desde a edição de Cripple Crow, o sucessor tanto de Rejoicing in the Hands como de Niño Rojo, os dois álbuns que lhe trouxeram o reconhecimento, Devendra está, definitivamente, inserido no "mainstream do alternativo" (expressão de Nuno Proença do Bodyspace). Consegue, contudo, ainda manter o público underground e da vanguarda. Isto quer dizer que em 2004 não teve problemas em encher o Cine-Teatro António Lamoso em Santa Maria da Feira, aquando do Festival para Gente Sentada, e não teve também problemas em 2005 a encher o palco secundário do Festival Sudoeste.
O sucesso que Devendra tem em Portugal traduz-se num amor por esta terra, o que poderá levá-lo a um dia ocupar o lugar que anteriormente pertenceu a "ilustres" como os Lamb, os Guano Apes ou o Ben Harper: artistas que passam cá a vida. Aliás, Devendra gosta tanto de Portugal que até tem um tema chamado "Santa Maria da Feira" neste Cripple Crow, onde rima "pêra" com "Santa Maria de la Feira", na melhor rima latina desde que Manuel João Vieira (como Dr. Lello Minsk) decidiu rimar "álcool" com "sol" nos seus Corações de Atum. Posto isto, Cripple Crow difere dos seus dois antecessores directos na medida que é o trabalho de muita gente junta, da "Família" – expressão que Banhart encontrou para evitar a designação "free-folk" -, e não de um tipo com alguns convidados. Viajante, vagabundo, Devendra não foi à Índia, mas foi beber da música indiana, tal como o fez a banda que de facto foi à Índia e que é aquela cujo espírito este disco faz lembrar: os Beatles. Mas, ao invés de seguir os caminhos dos Oasis (que mimetizavam uma faceta específica do som dos Beatles) ou de Elliott Smith (que partia de uma faceta específica do som dos Beatles para as suas canções), Devendra segue espiritualmente os Beatles não copiando o seu som, mas sim encarnando o espírito de abertura e eclectismo que caracterizava os Fab Four pós-Rubber Soul.
Há temas onde isto é mais evidente, como por exemplo "Heard Somebody Say", um hino anti-guerra que faz lembrar os momentos mais reivindicativos de John Lennon, com um refrão que diz simplesmente "It's simple / we don't wanna kill". É um desvio das letras abstractas que são normais em Devendra Banhart, uma influência de Vashti Bunyan, que cantava sobre a natureza e os pássaros, etc. "The Beatles" só por algum tempo é que encarna os rapazes de Liverpool, com "Paul McCartney and Ringo Starr are the only Beatles in the world", mas cedo se transforma numa espanholada com flauta e namedropping de gente como Donovan, Marc Bolan e Ben Chasny (um membro da Família), acabando por se afirmar "A Six Organs me gusta a mi". Depois há brincadeiras com as vozes, ora como nos Beatles mas em espanhol ora muito infantis. "Lazy Butterfly" tem sitar e toda a vibração indiana.
Muitas das canções giram à volta de crianças. Brent DiCrescenzo, da webzine Pitchforkmedia, ligou isso a uma recente revelação de Devendra Banhart ao NME numa entrevista. Em vez de continuar com a mesma atitude infantil de falar de uma forma fantasiosa, Devendra saiu da sua personagem e confessou que tinha sido abusado pelos pais em jovem. Sabendo isso, letras como “I see so many / little boys I wanna marry” em “Little Boys”, um tema com um riff blues que depois passa pelo rock'n'roll, a soul e a pop, supostamente escrito sob a perspectiva de um hermafrodita esquizofrénico, ganham um novo significado. É que há, de facto, uma fixação por crianças, em temas como “Chinese Children”, “Long-haired Child”, “I feel like a Child”, etc. Não quer isto dizer que Devendra é pedófilo, mas talvez haja algo nele que nos esteja a escapar. De qualquer forma, é melhor ficarmo-nos pela música.
O facto de este ser um disco de uma “banda” e não de um artista pode trazer alguns detractores. Aliás, tirando algumas partes, pode-se argumentar que a magia e a intimidade que faziam Rejoicing in the Hands e Niño Rojo não existem em Cripple Crow. Mas o que se perde em intimidade ganha-se em diversidade. Ao longo de 75 minutos, há piscares de olhos a muitos estilos. Já se falou dos blues, da música indiana, mas há também folk, bossanova, rock psicadélico, pop dos anos 60 e muito mais. Há flautas, há kazoo, há sitar e percussão indiana. Há, sobretudo, um espírito ecléctico.
Cripple Crow confirma Devendra Banhart como um artista a ter em conta, mas não podemos nem devemos dar-lhe demasiada atenção. É incompreensível como é que, com tanto espaço, Devendra foi deixar a meio “Dragonflys”, uma das canções que mais se aproxima ao registo dos discos anteriores, dueto de voz masculina-feminina e guitarra. A frase “Dragonflys appear” merecia muito mais do que apenas uma repetição, porque é das melhores canções do disco e há muitas menos boas que podiam ser dispensadas. A longevidade é um problema, algo que pode retirar algum prazer da audição do disco. Mas, se aquilo que quisermos for um disco de 70 e tal minutos de um neo-hippie com ar de quem toma banho poucas vezes a cantar sobre paz com um espírito infantil, Cripple Crow é a escolha certa para qualquer dia da semana. E, mesmo que lhe demos demasiada atenção, o pior que poderá acontecer é ele voltar cá mensalmente. Os fãs do “mainstream do alternativo” rejubilarão e nunca ouvirão mais nada. Podia ser pior, podia ser muito pior...
Faixas do disco:
1 Now That I Know 4:56
2 Pensando Enti 4:36
3 Heard Somebody Say 3:22
4 Haired Child 3:47
5 Lazy Butterfly 4:00
6 Quetate Luna 3:07
7 I Do Dig A Certain Girl 2:47
8 I Feel Like A Child 4:46
9 Some People Ride the Wave 2:28
10The Beatles 1:46
11 Dragonflys 1:01
12When They Come 5:59
13 In Niel 3:44
14 Mama Wolf 3:53
15 How's about telling a story 1:23
16 Chinese Children 5:18
17 Sawkill River 1:54
18 I Love That Man 2:27
19 Luna de Margarita 2:10
20 Korean Dogwood 4:03
21 Little Boys 5:19
22 Woman 1:56

Um comentário:

Herman disse...

muito baum esse play